05.03.2009
UMA
HOMENAGEM A LOIS
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Walter Medeiros* - walterm.nat@terra.com.br
O
Dia Internacional da Mulher – 8 de Março - tem sido
uma data marcante, pelas manifestações, pela luta,
pelas homenagens, pelas reflexões e pelo registro que
é feito nos mais diversos meios, pelo mundo inteiro. Além
da lembrança da origem da data – o massacre das operárias
em 1857 – sempre são referidas mulheres de todos os
lugares e todos os tempos que fizeram ou fazem da sua
vida um exemplo a ser seguido por toda a humanidade.
Nesse
8 de Março de 2009 quero trazer para os leitores alguns
dados da vida de uma mulher que teve um papel importante
e de alcance inestimável, cuja atuação mudou o rumo
de muitas vidas, contribuindo para a harmonia de milhões
de lares. Uma mulher cujo trabalho resultou da experiência
adquirida com o seu próprio sofrimento e que apesar de
todos os problemas que enfrentou nunca desistiu e
conseguiu implantar uma instituição que certamente vem
mudando o mundo.
Ela
teve origem numa família estruturada, equilibrada, onde
tinha um irmão, foi educada com amor, recebeu lições
de união, perdão, paz; a mãe, do lar, o pai médico
ginecologista e cirurgião. Mas seu casamento foi algo
de convivência difícil, ao que somaram-se três
gravidezes tubárias, insanidades, discussões, intolerâncias,
resultado do alcoolismo do seu marido, a quem chegou até
a dizer, certa vez: “Você não tem sequer a decência
de morrer...”. Foram 17 anos de convivência e
sofrimentos para ambos, pois no seu alcoolismo seu
marido era um doente e a doença causou a destruição
das carreiras de ambos.
Depois
de todas as Turbulências do Alcoolismo, nasceu a
sublime e abençoada associação de Alcoólicos Anônimos,
em 1935, pelas mãos de Bill W. e Robert (Bob) Schmidt,
com a colaboração, apoio e compreensão daquela
mulher. Refiro-me a Lois Wilson, nascida em 04 de março
de 1891 e falecida em 06 de outubro de 1988,
que fundou, em 1951, os Grupos Familiares Al-Anon, cujo
objetivo é ajudar aos familiares de alcoólatras a
compreender a doença alcoolismo e conviver com os
problemas que a doença acarreta para as famílias dos
alcoólatras.
Em
recente evento destinado a profissionais, uma
representante daquela irmandade explicou que Al-Anon
surgiu da mesma ‘necessidade’ de Alcoólicos Anônimos
- a necessidade de ‘dialogar’, de uma pessoa
entender a outra, delas falarem a mesma linguagem,
trocarem as experiências vividas com seus entes
queridos doentes, que tanto lutavam para largar a bebida
e não conseguiam. As esposas dos alcoólatras
descobriram que o estado em que se encontravam era
resultado do convívio sob o domínio do álcool, quando
familiares e amigos dos alcoólatras se tornavam pessoas
também doentes, de uma doença emocional.
A
troca de experiências mostrou o caminho a seguir, e
dali surgiu o lema da entidade: “Evite o primeiro
atrito”. Segundo Al-Anon, ao evitar o primeiro atrito
os familiares fazem com que muitos problemas sejam
evitados também, pois sempre que existe um confronto
com um alcoólatra - embriagado ou não - as conseqüências
podem ser drásticas.
Lois
é considerada uma heroína, pelo trabalho realizado com
a sua amiga Anne, mulher do Dr. Bob. Elas continuam
servindo de exemplo para mulheres de mais de 130 países
onde funcionam grupos daquela irmandade. O Estado de
Nova Iorque e mais de dez organizações dos Estados
Unidos saúdam Lois como uma das Mulheres mais
importantes do Século XX. Ela foi homenageada com o Prêmio
Humanitário do Conselho Nacional sobre Alcoolismo dos
Estados Unidos.
Com
este pequeno relato espero que as mulheres e os homens
do mundo inteiro mantenham viva a lembrança daquela
valente mulher, que conseguiu empreender uma luta
pacificadora, não contra a bebida alcoólica, mas a
favor das famílias de pessoas que não podem beber
controladamente, por serem portadores da doença
alcoolismo.
*Jornalista – Natal/RN
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*Walter
Medeiros é jornalista e bacharel em Direito em Natal-RN. Autor dos
livros “Onde está o atendimento?” Ed. Viena,
"Abelardo, o alcoólatra"
( http://paginas.terra.com.br/arte/cordel/ap009Abelardo.htm
) e "Humanização nos Serviços de Saúde",
Ed. Minelli, 2008.
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